“Quem habita este planeta não é o Homem, mas os
homens. A pluralidade é a lei da Terra.” (HANNAH ARENDT)
Neste dia 14 de outubro de 2014, o Google na sua página de pesquisa
apresenta uma homenagem
a Hannah Arendt,
filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX.
Perseguida
pelo regime de Adolf Hitler, ela construiu uma obra fundamental para a
compreensão da política e da condição humana.
Dentre outras
informações a respeito dessa filosofa política, chama-nos a atenção, nós que
estudamos alunos com altas habilidades/superdotação, dois destaques na sua biografia publicada pelo jornalista Sergio Amaral Silva que a titula “pensadora da política e da liberdade”. Ele relata que “Tendo perdido o pai com sete anos
incompletos, mostrou-se precoce ao tentar consolar sua mãe, Martha Arendt:
"Pense - isso acontece com muitas mulheres", teria dito a menina,
para espanto da viúva.”. Em seguida Sergio Amaral descreve sobre toda a estimulação que a
mãe realizou com a filha, segundo ele, uma “educação marcadamente liberal”,
orientanda com ideias da social-democaracia.
Observamos aqui um potencial
evidenciado pela mãe e devidamente estimulado que resultou na formação de uma
pessoa que se destacou universalmente com os seus pensamentos avançados a
respeito de política e organização social.
Em seguida, na biografia apresentada
por Sergio Amaral, ele relata um fato que é muito comum observarmos no
acompanhamento dos casos com alunos com ah/sd ainda hoje. Segundo ele, aos
dezessete anos Hannah Arendt “abandonou a
escola por questões disciplinares”. Essa questão de dificuldades de adaptação
ao modelo acadêmico e normativo das nossas escolas continua presente, apesar
dos avanços que a educação demonstra.
Cabe aqui uma reflexão: Como o potencial de Hannah, evidenciado pela sua mãe e
pertinentemente aproveitado, não teve o mesmo tratamento na escola?
Estamos o tempo inteiro perguntando isso quando nos deparamos por exemplo,
com casos como o de uma aluno acompanhado pelo NAAH/S. Aos 20 anos de idade,
com um histórico de muitas reprovações, sofrimentos com bullying e com posturas
de exclusão por parte dos professores, ele é um leitor em potencial. De acordo
com informações obtidas pela mãe, desde pequeno, incentivado por esta, lê
gêneros literários diversos e hoje mantém uma biblioteca particular com mais de
70 títulos. Essa característica é totalmente desconhecida e, consequentemente,
não é aproveitada pela escola.
Assim, o que a escola ignora, fatalmente não aproveita e não estimula. O
que a escola ignora, obviamente não respeita e desconsidera como potencial A
escola passa a cobrar e avaliar de formas alheias às características pessoais
do aluno e condena-o a anos e anos de retenção e sofrimento no espaço escolar.
O que nos admira nesse aluno aqui mencionado é que, apesar de tudo, ele
ainda mantém a vontade de estudar, de concluir os estudos. A sua postura soa
para nós como se tratasse de “mais uma chance” que ele ainda estar dando para a
escola se redimir com relação aos estragos que essa já provocou nele.
O nosso trabalho, dentro do Núcleo de Atividade de Altas
Habilidades/Superdotação corresponde à contribuição para que a escola reavalie
as suas estratégias de atendimento e avaliação do aluno, procurando valorizar
os seus potenciais, compreendendo as suas limitações e contribuindo para a
superação das suas dificuldades.
Quem sabe estejamos contribuindo também para que aconteçam histórias de
sucesso como a de Hannah Arendt?
A quem interessar, vale a pena
ler o restante da Biografia da filosofa para comprovar o alcance do seu sucesso
acadêmico e ver como a sua história torna-se exemplo para todos nós.
Ivana Lucena
Fontes:
(Consultadas em 14/10/2014 às 10 horas AM)